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No terceiro trimestre de 2024, o Brasil registrou um aumento significativo no número de empresas em recuperação judicial, totalizando 4.408 companhias nessa situação, segundo levantamento realizado pela consultoria RGF com base em dados da Receita Federal. A recuperação judicial é um mecanismo utilizado por empresas que enfrentam dificuldades financeiras para suspender e renegociar suas dívidas, visando evitar a falência. A análise da RGF exclui microempreendedores individuais (MEIs), organizações não governamentais (ONGs) e estatais, garantindo um panorama mais preciso do setor corporativo privado.
Desde o início das avaliações trimestrais da consultoria, que começaram no segundo trimestre de 2023, observou-se um crescimento contínuo no número de empresas em busca de recuperação judicial. Naquela época, 3.823 empresas já estavam utilizando esse recurso, número que subiu gradualmente a cada período subsequente. No segundo trimestre de 2024, o total de empresas em recuperação judicial chegou a 4.223, e o aumento mais recente evidenciou um crescimento de 4,4%, com 433 novas empresas ingressando no processo entre julho e setembro deste ano.
Apesar do aumento no número de empresas em dificuldades, o cenário econômico brasileiro apresentou pontos positivos, como o crescimento no número de trabalhadores com carteira assinada e a manutenção do saldo de novas empresas abertas. O Mapa de Empresas, ferramenta do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, indicou a criação de 93 mil novas empresas em 2024, ao passo que 47 mil encerraram suas atividades, sem contar os dados relacionados aos MEIs.
A análise da RGF também destacou a recuperação de 247 empresas que concluíram seus processos judiciais no último trimestre, com 62% delas retornando à operação normal e 7% decretando falência. Esse dado abrange empresas de pequeno, médio e grande porte que mantêm matrizes ativas.
O estado do Rio Grande do Sul foi particularmente afetado pelo aumento das recuperações judiciais, impulsionado pelos impactos das enchentes que prejudicaram os negócios locais. Minas Gerais também apresentou crescimento relevante, com o número de empresas em recuperação subindo de 250 no segundo trimestre para 297 no terceiro, refletindo um aumento de 18,8% nos casos aceitos pelo judiciário.
Por outro lado, São Paulo, estado que concentra a maior quantidade de CNPJs ativos, observou uma leve queda no número de empresas em recuperação, passando de 1.279 para 1.255. Essa redução contrasta com a tendência nacional e pode indicar uma maior resiliência do mercado paulista ou estratégias locais de mitigação dos efeitos econômicos adversos.
A RGF prevê que o cenário de recuperações judiciais possa se agravar nos próximos meses, impulsionado pela manutenção da taxa Selic em níveis elevados. Com a taxa básica de juros acima de dois dígitos, as empresas enfrentam maior dificuldade para obter crédito e arcar com despesas financeiras, o que intensifica o risco de inadimplência e pressão por reestruturação.“Empresas com altos níveis de endividamento permanecem sob forte pressão para manter suas finanças equilibradas em um ambiente de crédito restrito”, destacou o analista da consultoria, Rodrigo Gallegos, em comunicado.
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O levantamento da RGF fornece um panorama detalhado sobre as dificuldades enfrentadas pelo setor empresarial brasileiro, evidenciando a complexidade do cenário econômico em 2024 e os desafios que ainda persistem, especialmente para as empresas que buscam se manter competitivas em um ambiente marcado por juros altos e crédito limitado.
Fonte: Contábeis
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